DAS PERIPÉCIAS E ALEGRIAS DO S.O.S. LULA.
Estava eu com diárias pagas e já na praia quando Lula foi levado.
Alvoroço, mar lá fora e eu nas notícias. Decido ir para SP, pego tudo de
qualquer jeito e enfio na mala, pego a estrada. Graças aos céus parei
pra comprar lanche, pois descobri que meu cartão ficou na bolsa de praia
e a bolsa de praia ficou pra trás. Lá fui eu fazer 200km entre ida e
volta. Soube que Lula tinha sido devolvido, mas decidi ir assim mesmo
porque teria ato de apoio.
Cheguei 8 da noite, e dei a sorte de ele
estar começando a falar. O lugar e a rua estavam lotados, demorei a
conseguir um lugar de onde desse para ver ao menos de longe.
Lula
se emocionava sempre que falava de terem arrastado todo mundo da família
dele numa situação como aquela. Nunca vi nada tão absurdo na vida. Foi
uma operação de guerra pra gerar o barulho que os cegos precisam para se
convencer de que tem algo errado com Lula, na velha conclusão ao modelo
de inteligência deles: "Se foi pego é porque tem motivo".
Muitos
perguntam porque não uso minha condição de jornalista para ficar no
lugar reservado e privilegiado, de cara para as autoridades e o palco.
Tenho o crachá na bolsa mas não uso em situações assim por duas razões:
1
- Não estou a trabalho, lá. Seria desonesto.
2 - Como jornalista
eu não poderia aplaudir, vibrar, chorar, rir, cantar... Como militante
eu posso, e fiz tudo isso e MUITO MAIS. E ainda mostrar para Lula duas
pessoas do povo a mais (eu e a Bi)
Tinha um clima diferente de tudo,
porque estavam todos sentindo o peso da injustiça sofrida por Lula. Um
casal que conheci era esquerda radical, não gostam do PT, mas foram
depois de um dia de trabalho pra mostrar que não aceitavam esse tipo de
agressão a um líder da esquerda. Saíram para pegar metrô, chegariam bem
tarde em casa, mas para mim são o símbolo de quem foi para lá: gente que
fazia questão de ser mais um contado na defesa e no recado tácito:
"Não admitimos isso e estamos aqui para o que der e vier, Lula".
Hoje peguei cedo a estrada e cheguei em casa agora. Ao todo foram 1.600 km de ontem até agora.
Amo o mar, mas não tem mar que dê essa sensação de paz de consciência
por ter feito número entre os que puderam mostrar que Lula não está
sozinho. Cada um ali representava muitos e tanto Lula quanto os
agressores sabem disso.
Apesar de pacifista, quero muito agradecer a
quem fez quebra-quebra no aeroporto enquanto Lula estava depondo. Sim,
foi necessário. A meu ver, foi uma pequena demonstração do que viria se
insistissem em retê-lo, o que não dá pra duvidar quando tantas
ilegalidades são cometidas sem o menor pudor pelos golpistas. Na minha
visão, a pressão nacional tanto das autoridades quanto das redes deu um
recado vigoroso.
Foi diferente das manifestações de rua e foi
diferente dos eventos em que Lula discursa. FOI UM "MEXEU COM LULA MEXEU
COM MILHÕES DE BRASILEIROS".
Enfim, em casa. Enfim de volta à militância.
Muito obrigada por quem sentiu minha falta, pelas mensagens, por
mostrarem que TAMO JUNTO entre nós, assim como nós estamos com Lula e
Dilma.
Valeu, turma!
Miriam Moraes
Não deixaremos jamais que a imprensa desqualifique nosso lider maior.
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