sábado, 5 de março de 2016

Mexeu com Lula, Mexeu com Milhões de Brasileiros

  
Texto de Miriam Moraes
Míriam Moraes
1 h ·(05/03/2016 - 21:30hs)
DAS PERIPÉCIAS E ALEGRIAS DO S.O.S. LULA. 

Estava eu com diárias pagas e já na praia quando Lula foi levado. Alvoroço, mar lá fora e eu nas notícias. Decido ir para SP, pego tudo de qualquer jeito e enfio na mala, pego a estrada. Graças aos céus parei pra comprar lanche, pois descobri que meu cartão ficou na bolsa de praia e a bolsa de praia ficou pra trás. Lá fui eu fazer 200km entre ida e volta. Soube que Lula tinha sido devolvido, mas decidi ir assim mesmo porque teria ato de apoio. 

Cheguei 8 da noite, e dei a sorte de ele estar começando a falar. O lugar e a rua estavam lotados, demorei a conseguir um lugar de onde desse para ver ao menos de longe. 

Lula se emocionava sempre que falava de terem arrastado todo mundo da família dele numa situação como aquela. Nunca vi nada tão absurdo na vida. Foi uma operação de guerra pra gerar o barulho que os cegos precisam para se convencer de que tem algo errado com Lula, na velha conclusão ao modelo de inteligência deles: "Se foi pego é porque tem motivo". 

Muitos perguntam porque não uso minha condição de jornalista para ficar no lugar reservado e privilegiado, de cara para as autoridades e o palco. Tenho o crachá na bolsa mas não uso em situações assim por duas razões: 
1 - Não estou a trabalho, lá. Seria desonesto.
2 - Como jornalista eu não poderia aplaudir, vibrar, chorar, rir, cantar... Como militante eu posso, e fiz tudo isso e MUITO MAIS. E ainda mostrar para Lula duas pessoas do povo a mais (eu e a Bi)

Tinha um clima diferente de tudo, porque estavam todos sentindo o peso da injustiça sofrida por Lula. Um casal que conheci era esquerda radical, não gostam do PT, mas foram depois de um dia de trabalho pra mostrar que não aceitavam esse tipo de agressão a um líder da esquerda. Saíram para pegar metrô, chegariam bem tarde em casa, mas para mim são o símbolo de quem foi para lá: gente que fazia questão de ser mais um contado na defesa e no recado tácito:

"Não admitimos isso e estamos aqui para o que der e vier, Lula".

  Hoje peguei cedo a estrada e cheguei em casa agora. Ao todo foram 1.600 km de ontem até agora. 

Amo o mar, mas não tem mar que dê essa sensação de paz de consciência por ter feito número entre os que puderam mostrar que Lula não está sozinho. Cada um ali representava muitos e tanto Lula quanto os agressores sabem disso. 

Apesar de pacifista, quero muito agradecer a quem fez quebra-quebra no aeroporto enquanto Lula estava depondo. Sim, foi necessário. A meu ver, foi uma pequena demonstração do que viria se insistissem em retê-lo, o que não dá pra duvidar quando tantas ilegalidades são cometidas sem o menor pudor pelos golpistas. Na minha visão, a pressão nacional tanto das autoridades quanto das redes deu um recado vigoroso. 

Foi diferente das manifestações de rua e foi diferente dos eventos em que Lula discursa. FOI UM "MEXEU COM LULA MEXEU COM MILHÕES DE BRASILEIROS". 

Enfim, em casa. Enfim de volta à militância.
Muito obrigada por quem sentiu minha falta, pelas mensagens, por mostrarem que TAMO JUNTO entre nós, assim como nós estamos com Lula e Dilma. 

Valeu, turma!

 Miriam Moraes

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